Segundo o tenente João Marcos Barreto, do Corpo de Bombeiros, um duto exaustor do aquecedor de gás jogava monóxido de carbono para dentro do apartamento, ao invés de jogar para fora. Apartamento onde a família já foi encontrada sem vida
Divulgação
A família de quatro pessoas encontrada morta no domingo (11), dentro de um apartamento no Bairro Aclimação, em Uberlândia, pode ter morrido devido à instalação inadequada de um aquecedor de água. A família estava se preparando para ir a um almoço do Dia dos Pais na casa de parentes.
As vítimas eram Danilo e Rose Mary, de 34 e 33 anos, respectivamente, Daniel, de 11, e Ana Clara, de 15 anos. O apartamento da família fica no 4º andar de um dos 16 blocos do condomínio.
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Segundo o tenente João Marcos Barreto, do Corpo de Bombeiros, um duto de exaustão do aquecedor a gás jogava monóxido de carbono para dentro do apartamento, ao invés de jogar para fora.
“Vimos que o duto de exaustão desse aquecedor ficava para dentro do apartamento, o que causou acúmulo de gás dentro da residência, devido ao frio do fim de semana”, afirmou o tenente.
“Está sendo realizada a perícia no equipamento, porém, nós verificamos que o equipamento não foi instalado conforme preconiza a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a ABNT de 13.103 de 2013, que traz informações sobre como equipamentos a gás devem ser instalados dentro de residências”, disse.
Em Uberlândia, as temperaturas caíram no fim de semana. Ainda segundo Barreto, é comum que, em períodos frios, os aquecedores a gás sejam usados para diminuir os valores de conta de energia elétrica.
“O problema é que, muitas das vezes, as pessoas instalam por si mesmo esse equipamento ou não contratam profissionais que realizam a instalação conforme as normas.”
O tenente explicou, ainda, que o monóxido de carbono tem por característica ser silencioso.
“Ele não tem cor, não tem cheiro e não tem temperatura, a asfixia é praticamente instantânea.”
Rose Mary e Danilo
Reprodução/Arquivo pessoal
Monóxido de carbono
O monóxido de carbono, também conhecido como CO, é um gás invisível e sem cheiro que, se inalado, pode causar problemas de saúde ou até mesmo causar a morte de forma repentina.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), as moléculas de monóxido de carbono se ligam à hemoglobina (responsável pelo transporte de oxigênio dos nossos pulmões para todo o organismo) presente no sangue.
Isso dificulta a circulação e distribuição do oxigênio – essencial para vida humana – no corpo, o que pode levar à morte por asfixia.
O (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) explica que, quando inalamos o monóxido de carbono, o gás “toma o lugar” do oxigênio no nosso sangue.
Moradores de dois blocos interditados foram retirados dos apartamentos
Corpo de Bombeiros/Divulgação
Relembre
Segundo o Corpo de Bombeiros, parentes que esperavam a família para o almoço se preocuparam com a demora e foram até o apartamento. No imóvel, a família foi encontrada já sem vida.
A Polícia Militar (PM) informou que quando a equipe entrou no apartamento encontrou a mãe e os dois filhos no chão da sala e Danilo no banheiro.
Segundo a Defesa Civil, a suspeita é que o monóxido de carbono vazou do aquecedor a gás que fica na cozinha e a família usava para aquecer a água do chuveiro.
“Provavelmente eles acionaram o aquecedor para esquentar a água. O gás, ao invés de ser jogado para fora do ambiente, estava todo indo para dentro do apartamento. O duto não estava no local correto, o que mostra que quem instalou não tinha o devido conhecimento para o trabalho”, explicou a tenente do Corpo de Bombeiros, Alexandra Lopes.
A Polícia Militar (PM) e a Polícia Civil também estiveram no local. O registro de gás foi desligado, assim como toda a energia elétrica do condomínio. Não houve riscos de explosão.
“Antes da entrada das guarnições desligamos a energia do prédio, fizemos o fechamento da alimentação do gás da edificação e fizemos uma varredura nos outros apartamentos também, para procurar possíveis vítimas. Apenas um cachorro e um gato foram localizados no 2° e 3° andares”, ressaltou o capitão da Defesa Civil, João Batista Afonso.
Após a perícia da Polícia Civil, os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML). O velório começou nesta segunda-feira (12) e o sepultamento deve ocorrer na terça (13).
Ao longo da noite, os moradores retirados de dois blocos para vistoria retornaram aos imóveis.
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