MG: criança cola partes íntimas para não ser abusada pelo pai

Viatura da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG)Reprodução/PCMG

Uma menina de 6 anos foi à escola com os órgãos genitais colados, em Pouso Alegre, Minas Gerais. Ao ser questionada pela direção da instituição sobre o ocorrido, ela respondeu que havia feito isso para evitar ser abusada pelo próprio pai. A Polícia Civil investiga o caso, que envolve outras três crianças e adolescentes vítimas de crimes sexuais. A informação foi confirmada pelo Portal iG.

O homem de 41 anos, padrasto de duas adolescentes de 14 e 15 anos e pai biológico da menina de 6 anos e de um menino de 4 anos, que tem autismo, foi preso sob acusação de abusar das quatro crianças. A mãe das vítimas também é investigada por ter conhecimento dos crimes e não denunciá-los.

De acordo com a delegada Renata Brizzi, responsável pelas investigações, os abusos teriam ocorrido durante pelo menos três anos. “Ela – a adolescente de 15 anos – também contou que eles sempre sofreram agressões físicas e todo o tipo de abusos sexuais”, disse a delegada, referindo-se ao relato da jovem que, ao começar a trabalhar como babá, revelou os crimes para a patroa.

Após ouvir a adolescente, a empregadora acionou o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e o Conselho Tutelar, que notificaram a Polícia Civil. A investigação foi instaurada oficialmente em março de 2023, e a prisão do suspeito aconteceu quase um ano depois.

Segundo Brizzi, a complexidade do caso exigiu um trabalho detalhado. “Como é um crime muito grave, cujas consequências criminais e sociais são muito gravosas para o investigado, tínhamos que adotar um critério de uma investigação minuciosa na tentativa de coletar o máximo de elementos informativos possível para conseguir imputar no suspeito os fatos apresentados pelas vítimas e pela testemunha denunciante”, explicou.

Os crimes teriam começado em São Luís, no Maranhão, onde denúncias já haviam sido feitas às autoridades. Para evitar ser investigado, o suspeito se mudou para Pouso Alegre, e a companheira dele seguiu para a cidade posteriormente com os dois filhos menores. As enteadas, que inicialmente ficaram no Maranhão com parentes, também teriam sofrido abusos antes de se reunirem com a família em Minas Gerais.

No início de dezembro, a Polícia Civil solicitou a prisão preventiva do investigado e da mãe das crianças, mas a Justiça autorizou apenas a detenção do homem. A decisão considerou que a mãe não participou diretamente dos abusos e que já não detinha a guarda dos filhos, que estão em um abrigo. No entanto, a mulher ainda responde por conivência com os crimes.

“Há provas de que ela foi partícipe, conivente, porque sabia e não fez nada, não tomou providência. Levou com naturalidade os abusos sexuais sofridos por seus filhos, porém ela é também vítima de uma violência doméstica”, afirmou Brizzi.

As crianças foram levadas a um abrigo público assim que as denúncias chegaram às autoridades, mas voltaram à guarda da mãe após a fuga do suspeito. No fim de 2023, porém, a mulher teria levado uma das adolescentes a um encontro com o padrasto, em Congonhal, onde um novo abuso ocorreu. Depois do episódio, os menores foram novamente acolhidos pelo abrigo.

O caso segue sob investigação pela Polícia Civil.

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