Estudantes de fisioterapia do interior de SP criam projeto para asmáticos e recebem aprovação de congresso que será sediado no Japão: ‘Foi desafiador’


Glória Fregni Alfieri e Elza Tainá de Lima Costa, estudantes de Sorocaba (SP), criaram projeto de iniciação científica que mostra alternativas fisioterapêuticas para tratamentos de pacientes asmáticos. Glória – na direita – e Elza – na esquerda – criaram um projeto inovador, aprovado pelo Congresso Mundial de Fisioterapia
Arquivo pessoal
Um projeto de iniciação científica que tem como objetivo auxiliar pacientes asmáticos conquistou a aprovação no Congresso Mundial de Fisioterapia que será realizado em Tóquio, no Japão. O trabalho é das estudantes de fisioterapia Glória Fregni Alfieri, de 25 anos, e Elza Tainá de Lima Costa, 24 anos, moradoras de Sorocaba (SP).
📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp
Elza e Glória estudam fisioterapia na Universidade Paulista (Unip). As duas se conheceram na sala de aula e se tornaram muito próximas no decorrer do curso.
“Durante uma de nossas conversas, ela soube do meu interesse em iniciar um projeto e acabou me convidando para participar da pesquisa que havia iniciado. Aceitei prontamente e fiquei muito feliz com o convite, sabendo que isso nos ajudaria futuramente”, relembra Elza.
A pesquisa “Intervenção da Fisioterapia Respiratória Através de Exercícios que Promovam a Redução da Hiperventilação em Pacientes com Asma” foi iniciada no ano de 2023, visando exclusivamente a melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem diariamente com a doença.
“No projeto, nós abordamos a importância da fisioterapia respiratória para pacientes com asma e o impacto positivo dos exercícios respiratórios – especialmente para aqueles que enfatizam inspirações lentas e profundas – na redução da hiperventilação pulmonar. Essa abordagem conta com um sólido respaldo científico, evidenciando melhorias significativas na qualidade de vida e no controle da asma em adultos”, diz Glória.
Segundo as jovens, o projeto foi finalizado em março de 2024 e, em seguida, aprovado no Concurso de Iniciação Científica e Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação. O trabalho contou com a orientação de Marion Vecina Arcuri, uma especialista em fisioterapia respiratória. Pelo ineditismo do tema, houve grande dificuldade durante o processo de criação.
“A Glória decidiu abordar um tema pouco discutido, mas com grande impacto na vida das pessoas que possuem a doença. Foi desafiador inicialmente, pois ainda não tínhamos tido a matéria de projetos técnicos científicos interdisciplinares, então aprendemos gradativamente a pesquisar, e tivemos o auxílio da nossa orientadora também”, relembra Elza.
“A Elza ficou responsável por selecionar os artigos, e eu fiquei com a parte escrita. No entanto, sempre que eu precisava, ela me ajudava na escrita, e, quando ela precisava, eu a auxiliava na seleção dos artigos. No geral, o projeto foi dividido em seis etapas: revisão de literatura, objetivo geral, objetivos específicos, justificativas, resultados e referências”, complementa Glória.
Estudantes de fisioterapia receberam voto de congratulações da Câmara de Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
🖋️ O projeto
O artigo publicado pelas estudantes destaca que a fisioterapia respiratória é uma intervenção importante no tratamento da asma. Ainda de acordo com a pesquisa, os exercícios respiratórios podem auxiliar na hiperventilação, reduzindo o esforço respiratório e a sensação de falta de ar.
“A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias, que causa inflamação e estreitamento dos brônquios. Os brônquios são tubos que transportam o ar até os pulmões. Agora imagine que, na asma, eles ficam inflamados e mais sensíveis, o que pode levar ao seu estreitamento e uma maior produção de muco. Portanto, o indivíduo pode apresentar dificuldade de respirar, tosse e chiado no peito”, diz Glória.
“É por isso que a fisioterapia respiratória pode desempenhar um papel fundamental no tratamento da asma, oferecendo alívio da dispneia e do broncoespasmo, no fortalecimento da musculatura ventilatória – frequentemente debilitada – e na melhoria do condicionamento cardiorrespiratório”, acrescenta Elza.
Parte da pesquisa fornece o objetivo geral da iniciação científica
Glória Fregni Alfieri e Elza Tainá de Lima Costa
Ainda segundo o artigo, a fisioterapia pode ajudar a reduzir o desconforto respiratório, melhorar a mecânica e a força muscular respiratória e promover a higiene brônquica. Há diversas abordagens destacadas na pesquisa, como a ventilação mecânica não invasiva (VMNI) e a cinesioterapia respiratória.
“A ventilação mecânica é um suporte respiratório bastante invasivo, sendo necessário uma intubação. Trata-se de um aparelho chamado ventilador, que pode auxiliar ou até mesmo substituir a respiração do paciente. No caso da VMNI, são apenas utilizados máscaras nasais, faciais ou capacetes para fazer a interface com o paciente”, afirma Glória.
“Já a cinesioterapia é uma abordagem fisioterapêutica baseada em movimentos e exercícios específicos para tratar disfunções esqueléticas, neurológicas e respiratórias. Esta é uma ferramenta essencial para o manejo da asma, melhorando o controle respiratório, reduzindo a fadiga da musculatura da respiração e prevenindo possíveis crise”, diferencia.
Além da descoberta de alternativas de tratamento, Glória ainda ressalta que o projeto – criado por duas cientistas mulheres e brasileiras – garante que mais pessoas tenham acesso às informações sobre a asma. Já Elza complementa que muitos pacientes não conseguem compreender as causas de suas doenças. É por isso que a pesquisa se destaca como uma obra fundamental.
Projeto de iniciação científica apresenta exercícios de fisioterapia que podem auxiliar no tratamento da asma
Glória Fregni Alfieri e Elza Tainá de Lima Costa
“As pessoas terão acesso a essas informações de forma mais clara e acessível, podendo reconhecer ainda que esse artigo vem de cientistas mulheres e brasileiras. Já as pessoas asmáticas, além de ter mais conhecimento sobre a sua doença, poderão ter acesso a outras formas de tratamento além da medicamentosa”, diz Glória.
“Acreditamos que muitas pessoas não compreendem completamente as causas de suas doenças e nem sabem como melhorar sua qualidade de vida, especialmente quando se trata de condições crônicas, como a asma. Por meio deste projeto, buscamos compartilhar conhecimento sobre a doença de forma mais eficaz e destacar que o tratamento fisioterapêutico pode proporcionar uma nova perspectiva para a qualidade de vida dos pacientes”, complementa Elza.
🏆 Realização profissional
Elza Tainá de Lima Costa estuda fisioterapia e mora em Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
Com um feito inédito em toda a história da faculdade, a dupla conta que o sentimento de realização profissional tomou conta dos seus pensamentos. É a primeira vez que um projeto de iniciação científica do curso de fisioterapia de sua faculdade é aprovado no congresso, de acordo com Elza.
“O sentimento de alcançar uma conquista tão grandiosa como essa é inexplicável. Além disso, através do vereador Roberto Freitas, recebemos o voto de congratulações da Câmara de nossa cidade pela aprovação do projeto, um reconhecimento que, para nós, foi extremamente importante neste momento. Estamos muito animadas com tudo o que vem acontecendo, e com fé de que conseguiremos alcançar nosso objetivo”, conta Elza.
“O sentimento de ter o nosso projeto aceito no maior congresso de fisioterapia do mundo, sendo ainda alunas, é, sem dúvidas, indescritível e repleto de orgulho, realização e reconhecimento. Ressalto ainda que, após essa conquista, sinto-me mais capacitada e confiante, como se tivesse superado minhas próprias expectativas”, diz Glória.
Glória Fregni Alfieri é estudante de fisioterapia e mora em Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
🎎 Viagem 🎌
O Congresso Mundial de Fisioterapia é um dos maiores eventos científicos internacionais da área. O evento reúne profissionais do mundo inteiro, que compartilham experiências, palestras e promovem debates.
Neste ano, será sediado no Japão, em Tóquio, do dia 29 ao dia 31 de maio. No entanto, diante da aprovação do projeto, as jovens cientistas contam que um novo desafio surgiu: conseguir dinheiro para custear a viagem de 18.482 quilômetros.
“Nosso principal desafio é obter recursos financeiros para viabilizar nossa participação e apresentar nosso trabalho no congresso. Para isso, após algumas conversas com familiares e amigos, fomos encorajadas e decidimos realizar uma vaquinha online, a fim de arrecadar o valor de R$ 30 mil que será necessário para as passagens, hospedagem e alimentação durante o evento”, revela Elza.
“A professora Kamila já estará no congresso, e seria uma grande honra acompanhá-la e representar nossa cidade nesse evento de prestígio internacional. Para isso, organizamos uma vaquinha online e estamos promovendo rifas para atingir nosso objetivo'”, acrescenta Glória.
As estudantes ainda reforçam que, caso a meta estabelecida não seja alcançada, o dinheiro será doado para hospitais da região de Sorocaba. “Caso não consigamos arrecadar o valor necessário ou, por outro lado, ultrapassemos a meta, todo o excedente será doado para hospitais que necessitam de recursos para a fisioterapia respiratória”, ressalta Glória.
Os interessados em contribuir com a doação podem acessar a arrecadação por meio de um link nas redes sociais de Elza e Glória.
Elza Tainá de Lima Costa e Glória Fregni Alfier se conheceram em faculdade de Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
*Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM
O
Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.