“Não teve resgate imediato”: marido de triatleta morta desabafa

Os atletas fizeram percursos de corrida e natação, e Ana não conseguiu concluir a etapa na água.Reprodução Acervo Pessoal

A tragédia que marcou o Campeonato Cearense de Aquathlon, em Fortaleza, poderia ter sido evitada se o resgate tivesse sido feito com agilidade. Isso é o que diz o marido da triatleta e professora Ana Zuleica Xavier, conhecida como “Aninha”, que morreu após se afogar durante a prova, realizada na manhã deste sábado (15), na Beira Mar, local tradicional da capital cearense

Os atletas fizeram percursos de corrida e natação, e Ana não conseguiu concluir a etapa na água.

Sem alteração, diz marido

Em conversa com o Portal iG, Diogo Xavier responsabilizou os organizadores sobre a fatalidade, e afirma que o médico que realizou o atendimento não constatou nenhuma anormalidade que justificasse a morte da forma como ocorreu.

“Ela se afogou e não teve resgate imediato. Minha esposa não teve mau súbito, ela não teve uma parada cardíaca. O médico legista disse que não tinha nenhuma alteração no coração e nem neurológica. Só tinham sinais de água nos pulmões e no estômago. A causa da morte realmente foi afogamento. Negligência dos organizadores da prova que serão responsabilizados, com certeza”, desabafa o viúvo.

A Federação de Triathlon do Estado do Ceará (Fetriece), responsável pela prova, afirmou que a atleta pode ter passado mal durante a competição, e que foi socorrida imediatamente pelos profissionais de saúde presentes no local.

“Ela foi socorrida ainda na areia, com vida. Tínhamos cardiologistas, médicos e uma ambulância com UTI completa. Ela correu 2,5 km e depois veio para a prova da natação, de mil metros. Eu mesma vi que ela chegou muito ofegante, mas mesmo assim, ela insistiu em continuar. Eu acredito que a atleta teve um mau súbito, mas vamos aguardar o laudo para ter informações oficiais do caso”, confirmou Fatima Figueiredo ao iG, presidente da federação.

A reportagem teve acesso às documentações que mostram as liberações do Corpo de Bombeiros e da marinha.

Para o evento, uma empresa particular de segurança aquática teria sido a responsável pelos atletas durante a prova. No documento, são apresentados 12 guarda-vidas e dois caiaqueiros, além de quatro pranchas longboard, seis flutuadores de resgate, ambulância avançada, bem como um hospital determinado em caso de necessidade.

“Por ser um evento privado, tivemos que contratar uma empresa terceirizada para dar este suporte de segurança dentro da água” , acrescenta Fátima.

O iG tenta contato com a empresa de segurança aquática, e o espaço segue aberto.

Atleta tinha experiência

Aninha, pela sua experiência em corrida e natação, fazia parte da turma de elite no Aquathlon, que corre 2,5km, nada 1 mil metros e volta pra correr 2,5 km.

A Runners Assessoria Esportiva, responsável pelo treinamento da triatleta, divulgou uma nota que diz que a assessoria estava presente na prova, e que durante a etapa da natação, sentiu falta da atleta.

“Alertamos a equipe do Corpo de Bombeiros, que estava com um oficial fora do mar, com um rádio de comunicação, para que fizessem a busca. Fizemos também a procura pelo espigão da Rui Barbosa e avistamos Aninha já desacordada no mar”.

A nota finaliza que foram prestados os primeiros socorros no local, mas a caminho do hospital, Aninha não resistiu. No texto a equipe da triatleta informa que a vítima fazia exames de rotina e que estava apta a participar da prova.

O laudo do IML, que comprova o afogamento, deve sair em uma semana, segundo informações do marido de Aninha.

O afogamento ocorreu antes da chegada dos guarda-vidas ao local, segundo a Guarda Municipal. “A Inspetoria de Salvamento Aquático (ISA) da Guarda Municipal lamenta o afogamento com vítima fatal ocorrido na orla da cidade antes do início do horário de serviço dos guarda-vidas”, declarou a corporação, em nota.

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