
João Vitor se envolveu em uma abordagem da PM há cerca de um mês e ajudou a imobilizar um suspeito. Gabriel da Cruz, após ser liberado, cobrou da facção uma resposta contra a imobilização, segundo boletim. Jovem morto em Cruzeiro do Sul ajudou a imobilizar homem durante abordagem da PM
João Vitor da Silva Borges, de 21 anos, pode ter sido assassinado por ter imobilizado Gabriel Farias da Cruz no Centro de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, durante uma abordagem da Polícia Militar (PM-AC) há cerca de um mês. A abordagem foi filmada por populares que estavam na região. (Veja o vídeo acima)
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As imagens mostram João Vitor dando um ‘mata-leão’ no suspeito, deitado na rua. Algumas pessoas se aproximam e conseguem afastar os dois rapazes.
A família confirmou ao g1 que tem conhecimento do vídeo e reconhece João Vitor nas imagens, contudo, não sabe ao certo o que aconteceu no dia.
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João Victor, de 21 anos, foi achado morto pela polícia
Arquivo pessoal
Também à reportagem, a Polícia Civil afirmou que não foi encontrado nada de irregular com Gabriel Farias da Cruz na a época e ele foi liberado.
Conforme o boletim da Polícia Civil, após ser solto, Gabriel da Cruz teria cobrado da facção criminosa uma punição pelo comportamento de João Vitor. “Que esta cobrança por parte de Gabriel teria dado início às ações criminosas que levaram à morte de João Vitor”, diz o registro policial.
Os presos por envolvimento na morte do rapaz são:
Bruno Teixeira de Souza, de 22 anos – monitorado por tornozeleira eletrônica. Pelo sistema de monitoramento do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), a polícia descobriu que ele esteve no local onde João Vitor foi morto;
Maria Francisca Fernandes Lima, 27 anos – responsável por atrair a vítima até o local. Era amiga de João Vitor, foi a primeira a ser presa e confessou a participação no crime. Ela foi solta em audiência de custódia na última quinta-feira (13);
Gabriel Farias da Cruz, de 18 anos – jovem imobilizado por João Vitor durante a abordagem da PM-AC no Centro de Cruzeiro do Sul. Teria cobrado da facção uma resposta pela imobilização.
Dia do crime
Ainda conforme o boletim da Polícia Civil, João Vitor foi chamado pela amiga para conversar com algumas pessoas e levado em um carro de aplicativo até o bairro Cohab. No depoimento, Maria Francisca confessou que a ordem para matar a vítima partiu de um integrante do conselho rotativo da organização criminosa.
O criminoso tem 24 anos e ainda não foi preso pela polícia. Ainda no local do crime, o rapaz foi ‘julgado pelo tribunal do crime’ por videochamada com outros criminosos e teve a morte determinada de imediato.
Maria Francisca alegou que saiu do local antes de João Vitor ser assassinado. “No momento da execução, afastou-se do local e não a presenciou”, afirma a polícia.
Imagens mostram momento em que um dos suspeitos é levado à delegacia de Cruzeiro do Sul
Em entrevista à Rede Amazônica Acre na última quarta (12), após a prisão de mais dois suspeitos, o delegado Heverton Carvalho, responsável pelas investigações, contou que um dos presos é suspeito de ser o mandante do crime, e o outro participou da execução de João Vitor.
“Até o momento foram três pessoas [presas]. Tem um mandante, pessoa que teve envolvimento direto, a partir de uma situação que gerou um clamor, temos uma das pessoas que estava no local, que presenciou, e a gente também tem essa amiga que fez a condução do jovem até esse local, onde ele foi brutalmente executado”, explicou o delegado.
Os presos confirmaram ter presenciado o crime e todo o percurso até o local da execução descrito pela polícia. Porém, ninguém confirmou ter desferido as facadas que mataram João Vitor.
“[Confirmaram] o fato de ter transportado, o fato de estar no local do crime, de presenciar a execução. Por mais que não afirmem diretamente que executaram, no sentido de empunhar a faca ou executar no próprio sentido literal, mas estavam presentes, fizeram esse transporte e acompanharam todo aquele julgamento ali”, acrescentou.
Operação Oráculo
O corpo de João Vitor foi encontrado durante a Operação Oráculo, deflagrada pela Polícia Militar para levantar informações sobre o paradeiro dele. Devido ao avançado estado de decomposição, o corpo de João Vitor saiu do IML direto para o Cemitério Jardim da Paz.
Logo após o corpo de João Vitor ser encontrado, a Polícia Civil prendeu Maria Francisca por envolvimento no crime.
A suspeita tem envolvimento com facções criminosas. Familiares confirmaram ao g1 que não conhecem a suspeita, que ela não era próxima da família, mas apenas de João Vitor.
João Vitor da Silva Borges saiu de casa no último sábado e família faz buscas
Verônica Silva, mãe de João Vitor, procurou a Delegacia Geral de Polícia Civil na segunda-feira (10) para pedir ajuda para encontrar o filho. Ela afirmou que antes de sair, o jovem apenas se despediu dela, falou que a amava e que em breve retornaria. (Assista acima)
Envolvido em briga com vizinha
A polícia confirmou também que João Vitor se envolveu em uma briga com uma vizinha no último dia 3. O rapaz acionou a PM-AC após encontrar carne com chumbinho, veneno para rato, com o gato de estimação.
O animal pulou o muro da vizinha e voltou com o alimento na boca. A vizinha teria confessado que colocou o veneno para matar os ratos, contudo, o jovem chamou a polícia e a mulher foi presa em flagrante por maus-tratos.
VÍDEOS: g1