Alta no preço dos alimentos: levantamento mostra aumento no número de vezes que o consumidor vai ao mercado


Em busca do menor preço, o consumidor bate perna nas lojas físicas, compra no atacado ou online, e escolhe até embalagens menores. Alta no preço dos alimentos: levantamento mostra aumento no número de vezes que o consumidor vai ao mercado
Reprodução/TV Globo
A alta no preço dos alimentos está mudando o jeito de comprar dos brasileiros.
Pelo menos duas vezes por semana, a enfermeira Vanessa Lyrio e a mãe batem ponto no supermercado:
“Eu venho aqui e vejo o que está na promoção, compro. Compro pouco. Aí, caminhando para casa, eu passo no outro mercado”, conta.
E a cada ida, o carrinho sai assim menos cheio:
“Antigamente, a gente vinha, enchia aquele carrinho enorme, levava para casa e resolvia o mês todo. Agora não”, diz Vanessa Lyrio.
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Uma pesquisa feita por uma consultoria internacional ouviu consumidores de seis regiões metropolitanas e identificou uma mudança de comportamento no último trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período de 2023. O levantamento mostrou que houve um aumento no número de vezes que o consumidor vai ao mercado. E a cada ida, a cesta de compra é menor.
“É um brasileiro que começa a fragmentar mais as suas compras. Então, ele aumenta a quantidade de vezes que vai ao ponto de venda e compra menos a cada visita, justamente para conseguir equilibrar mais esse desembolso e garantir a cesta. Esse é um movimento que passa por todas as classes sociais, apesar de ser mais intenso principalmente nas classes C, D e E”, afirma Pedro Soares, diretor de contas da Kantar.
“Fica de olho nas promoções, né? Com certeza, por isso que toda hora eu estou no mercado. O gerente morre de rir comigo: ‘De novo?’. Vou aonde for, não importa”, conta o aposentado José Carlos de Carvalho.
Em busca do menor preço, o consumidor bate perna nas lojas físicas, compra no atacado ou online, e escolhe até embalagens menores.
“Sabão em pó, eu vou no mais barato. Frango, vejo a marca mais em conta”, diz a esteticista Laila Costa.
Mesmo com toda essa estratégia, a soma dos gastos no mercado cresceu mais de 8%. Isso porque os alimentos ficaram mais caros. Nos últimos 12 meses a inflação desse grupo foi 40% maior que a inflação geral medida pelo IPCA.
“A gente está em um cenário de aumento de preços e um crescimento, sobretudo quando a gente olha para essas categorias mais básicas e em commodities, que isso traz um impacto para a percepção, para a confiança do consumidor e justamente para a capacidade que ele tem de poder de compra”, diz Pedro Soares, diretor de contas da Kantar.
O aposentado Carlos Coutinho chegou com a listinha na mão. Mas nem tudo que está nela vai para casa:
“A dona encrenca botou aqui algumas coisas que eu já tenho. Então está querendo fazer estoque e para fazer estoque não dá. Dona encrenca, eu fiz a minha relação e tem que ser a minha, a tua está muito em excesso”.
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