
Durante a tempestade na tarde desta quarta-feira (12) 330 árvores caíram na cidade – o maior número registrado em um mesmo dia desde o início de 2025. Queda de árvores: São Paulo enfrenta as consequências severas do clima extremo
Reprodução/TV Globo
Depois de mais um temporal, São Paulo enfrentou hoje as consequências severas do clima extremo. Um desafio que muitas cidades brasileiras vêm enfrentando – e numa frequência cada vez mais preocupante.
Equipes passaram o dia serrando troncos e retirando os galhos; 330 árvores caíram durante a tempestade na tarde desta quarta-feira (12). O maior número registrado em um mesmo dia desde o início de 2025.
Nesta quinta-feira (13), foi velado o taxista Elton de Oliveira, de 43 anos, que morreu depois que esta árvore caiu em cima do carro dele, no Centro.
“Um cara simpático, um cara cuidadoso com o carro, com o passageiro, educadíssimo. Uma perda”, diz o taxista Atílio de Oliveira.
Especialistas explicam que o que ocorreu foi um evento extremo, que ficou mais comum com as mudanças climáticas – no Brasil e no mundo.
O botânico Ricardo Cardim afirma que, por isso, o monitoramento das árvores deve ser feito com mais rigor e mais frequência em todo o país.
“Você vê um festival de árvores cimentadas e sufocadas por cimento, muretas que não deixam entrar adubo e água, árvores com cupins, árvores com todas mutiladora adoecendo elas. As as árvores são muito mal cuidadas no Brasil e elas caem e provocam tragédias por essa falta de cuidado, as pessoas criam uma má fama, uma má vontade com a arborização”, afirma.
A maior velocidade do vento – divulgada pela Defesa Civil – foi de 61 km/h. Mas o professor do Instituto de Biociências da USP Marcos Buckeridg diz que o vento pode ter sido ainda mais forte e que nem mesmo árvores saudáveis resistem a esse tipo de situação.
“Em alguns locais específicos, essa velocidade pode ser muito maior. E as árvores vão cair acima de 80 km/h”, diz.
E os dois especialistas reforçam: as árvores não podem ser vistas como um problema. Pelo contrário.
“A gente precisa educar as pessoas para que elas entendam que as árvores são as responsáveis por diminuir a força das tempestades, das enchentes e sem árvores será impossível viver nas cidades a partir dessas mudanças climáticas que estamos vivendo hoje. Precisamos cobrar o poder público para que os nossos impostos sejam aplicados na quantidade suficiente para ter uma arborização saudável e digna das cidades brasileiras”.
“Quanto mais árvore melhor. Se a gente tiver um monte de árvores, quando vier uma tempestade dessas, a gente não terá liberdade do vento para percorrer e fazer uma série de estragos que ele faz. Então, as árvores são protetoras”.
Um cruzamento na Zona Oeste da capital paulista está interditado desde a chuva de quarta-feira (12) por causa da queda de uma árvore de 20 m de altura. Nesta quinta-feira (13), técnicos da prefeitura cortaram o tronco em várias partes para poder fazer a retirada. Segundo moradores, ela foi arrancada pela raiz com a força do vento e derrubou a fiação elétrica. Mais de 150 mil imóveis chegaram a ficar sem energia com o temporal.
“Os fios estão em cima da árvore. O poste está torto, então até fazer esse serviço capaz de vir só amanhã de manhã”, diz Alessandra Dias Alves, inspetora de segurança.
O professor diz que os esforços para proteger as árvores e as pessoas devem incluir pesquisa, tecnologia e mudanças no jeito de pensar as cidades.
“Temos que agir em direção a adaptar a nossa cidade às mudanças climáticas, tanto no caso das árvores, como dizem vários outros casos, nós vamos precisar de adaptação, porque as coisas estão ficando cada vez mais drásticas”.
Vinte e sete mil imóveis continuam sem luz, segundo a Ênel. A prefeitura de São Paulo afirmou que faz poda regular, coordena ações de manejo de árvores e aguarda a liberação do Tribunal de Contas do Município para contratar mais equipes, incluindo engenheiros agrônomos.
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