O viúvo Carlos André Alves de Almeida, de 48 anos, conta que ele e a esposa, morta por policiais após colidir com uma viatura na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, na madrugada de domingo (11), estavam sendo perseguidos por outro carro, mas lembra que ficou aliviado ao se deparar com o carro da polícia.
“Eu achei que quando chegou ali a gente estava a salvo desse veículo que estava colidindo com a gente. Falei: ‘Amor, fica calma que é a polícia’. Achei que a polícia era a nossa salvadora, mas o que aconteceu foi uma tragédia maior”, disse Carlos à TV Globo.
Ao ser baleada pelos agentes, a mulher ainda conseguiu abrir a porta do carro e tirar o cinto de segurança, mas desfaleceu no local.
“Ela conseguiu soltar o cinto, abrir a porta, e foi desfalecendo ali no canteiro, ali no barranco”, lembra o marido, que pensou que a esposa tivesse desmaiado.
O que aconteceu?
Carlos e a esposa, Elaine Esteves, de 39 anos, eram perseguidos por um carro comum após um suposto acidente de trânsito. Quando entraram na Avenida Brasil, o carro do casal bateu na traseira de uma viatura da Delegacia de Homicídios, que passava em comboio com outros veículos da unidade da Polícia Civil.
O homem conta que tranquilizou a esposa após a colisão, já que haviam batido em um carro da polícia e, para ele, pelo menos estavam protegidos da perseguição anterior.
Em seguida, quando Carlos e Elaine chegaram na altura de Barros Filho, na Zona Norte do Rio, começaram a ouvir o barulho de tiros. No total, quatro balas atingiram o veículo do casal, e um deles acertou as costas da mulher.
Esta não é a primeira vez que uma morte causada por policiais acontece na família de Elaine.
“Essa é a segunda vez que a minha família passa por isso. Não vamos suportar. Tem cinco anos que tiraram o meu sobrinho de 26 anos e ninguém fez nada. Foi na Dutra, o único filho do meu irmão. A polícia não fez nada. Ele tinha vindo do Equador para fazer a festa de 15 anos da irmã, em Nova Iguaçu, e quando voltava de uma festa e foi morto em uma abordagem da polícia. Agora, de novo isso. Tem que pegar a pessoa que fez isso. Tem que ter preparo para os policiais”, disse Rosângela da Silva Esteves Paiva, 58 anos, mãe de Elaine, à TV Globo.
O que diz a Polícia Civil?
Caso é investigado pela Polícia Civil. Veja abaixo a nota:
“A Delegacia de Homicídios da Capital – DHC, informa que, durante os trabalhos ordinários realizados pelo Grupo Especial de Local de Crimes-GELC, nesta madrugada do dia 11/08/2024, por volta das 03h30min, a equipe de policiais foi surpreendida por uma colisão, na qual um veículo em fuga atingiu uma das viaturas do comboio policial, na Avenida Brasil, próximo ao Trevo das Margaridas, nesta cidade, ao lado de um dos acessos da comunidade de Parada de Lucas.
Os policiais efetuaram disparos de arma de fogo para interromper a investida repentina e violenta do veículo contra o comboio.
Após estabilização da situação, os agentes constataram que uma pessoa do sexo feminino teria sido alvejada. Imediatamente, acionaram o socorro médico, porém a mesma não resistiu aos ferimentos e veio a óbito ainda na localidade.
Apurou-se que o veículo que colidiu com a viatura da polícia estava em fuga, tendo em vista que se envolvera, momentos antes, numa outra colisão de trânsito.
Todos os envolvidos na ocorrência foram conduzidos para a Delegacia de Homicídios, e a CGPol, de imediato, acionada para conduzir as investigações.
A perícia de local foi realizada por uma equipe de peritos do ICCE/Sede.”
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