
Edson Nora Gomes é morador de São João da Boa Vista (SP) e conseguiu arrecadar R$90 mil para tratamento na Santa Casa de Alfenas (MG). Edson Nora Gomes após realizar a cirurgia de implante da bomba de morfina na Santa Casa de Alfenas
Arquivo pessoal
“A sensação é que eu estou tendo uma nova oportunidade de viver”. A celebração é do pintor Edson Nora Gomes, de 35 anos, após a cirurgia de implante de uma bomba de morfina na Santa Casa de Misericórdia de Alfenas (MG), na sexta-feira (7).
Edson é de São João da Boa Vista (SP) e há 10 anos recebeu o diagnóstico de neuropatia do trigêmeo, conhecida como a doença que causa a “pior dor do mundo”.
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A doença não tem cura e a alternativa foi um tratamento de R$ 90 mil no Sinpain, no Centro de de Controle da Dor, no hospital do Sul de Minas, referência nacional em dor crônica.
Uma campanha online foi realizada de dezembro de 2024 a março deste ano para arrecadação do valor, e um doador anônimo doou R$ 35 mil e completou o que faltava.
Edson contou ao g1 nesta segunda-feira (10), que a sua vida foi completamente modificada com a cirurgia e está repleto de esperança.
“Realmente a bomba de morfina ajuda demais, estou me sentindo até outra pessoa. É um alívio sair daquela dor de 10 anos. A dor diminuiu 90% e estou me sentindo muito bem, graças a Deus. Agora é vida nova”, contou.
Tudo começou quando Edson tinha 25 anos e passou por uma cirurgia por causa de um tumor no rosto, chamado de angiofibroma. Na retirada do tumor, a reconstrução do rosto utilizou placas e parafusos, mas machucaram o nervo trigêmeo. De 10 anos para cá, a dor é tamanha que impede Edson de se alimentar corretamente e até de dormir.
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Tratamento
Segundo o médico responsável pelo caso, Carlos Marcelo de Barros, um dispositivo foi implantado no abdômen da paciente e, por meio de um cateter, os medicamentos analgésicos são direcionados ao sistema nervoso central. Além da morfina, o anestésico bupivacaína também é administrado.
“O resultado inicial foi fantástico com 90% de melhora. Ele será acompanhado permanentemente e agora recebe um controle porque quando tem mais dor, ele pode apertar esse controle e recebe uma dose extra de morfina. O cateter vai até onde forma o nervo do trigêmio, dentro do líquor da medula e tem efeito 300 vezes maior do que a tomada por comprimido, por isso a dose é muito baixa, e não tem efeito adverso”, informou.
Devido ao procedimento ser delicado, Edson passou 24h na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e deve receber alta até sábado (15).
De acordo com o médico, Edson deve reabastecer a bomba de morfina a cada seis meses, e os custos são menores, de R$ 3 mil e R$ 5 mil. Já a bomba deve ser trocada após oito anos.
O médico é também diretor clínico da Santa Casa de Alfenas e presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED).
Da dor à esperança
Edson já passou por 23 cirurgias, sendo que última foi realizada na sexta-feira (7). Antes de começar o tratamento com a bomba de morfina, o paciente fez uma segunda cirurgia de congelamento do nervo trigêmeo para alivar a dor, no dia 4 de fevereiro, mas não teve resultado.
Edson Nora Gomes, de São João da Boa Vista, já fez 22 cirurgias para tratamentos contra doença incurável
Reprodução/EPTV
A neuropatia e neuralgia do trigêmeo, conhecidas como a “pior dor do mundo”, é comparada a choques elétricos e até a facadas. O trigêmeo é um dos maiores nervos do corpo humano, e como é um nervo sensitivo, ele controla as sensações que se espalham pelo rosto.
“A história dele é de esperança, ele vai melhorar, mas o desafio é mais complexo. Porque é uma síndrome parecida com estresse pós-traumático. Primeiro recupera fisicamente da dor e depois psicologicamente porque ele viveu muito tempo sofrendo e vai precisar de suporte psicológico. Isso é natural de pessoas que passaram por grandes sofrimentos”, disse o médico.
Carlos Marcelo de Barros é presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED) e diretor da unidade hospitalar em Alfenas. O local atende pacientes de vários estados brasileiros e também de países como Paraguai e Uruguai.
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Morador do interior de SP com a ‘pior dor do mundo’ passa por 20 cirurgias em 10 anos
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