Fico feliz pela vitória do cinema brasileiro. Imaginei a alegria do Walter Moreira Salles com a estatueta do Oscar na mão realizando o sonho de qualquer cineasta. Acredito que foi merecido. O filme “Ainda Estou Aqui” é uma obra de arte ao retratar a luta de uma esposa e mãe que, na adversidade, reuniu forças para manter a família unida, amada e resiliente enquanto buscava o que entendia justo do Estado em razão das ações deste.
Ainda Estou Aqui contou a luta da família Paiva, alvo da ditadura militar – Foto: Reprodução/ND
A obra merece o respeito de todos, pois retrata a vivência, visão e emoções da família Paiva que, só a esta cabe o direito de se manifestar, assim como a todos aqueles que, de alguma formas concreta, verídica e ilegal foram alcançados pela mão estatal do regime militar.
Meu pai teve sua candidatura a deputado estadual cassada pelo AI-5, na época, com o marechal Castelo Branco na presidência da República, e teve que vender sua rádio. Também vivemos os anos de chumbo. Longe do oportunismo político e ideológico que acompanha o filme e que servirá de pretexto ainda para interesses outros certamente indesejados pela família Paiva, fico com a vitória de um filme que celebra a força das mulheres e mães, representadas por Eunice Paiva.