Líder do PKK pede dissolução do grupo curdo em declaração histórica

Apoiadores exibem um cartaz com a imagem do líder histórico do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Öcalan, 75 anos, que está preso na Turquia, após ele pedir que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) deponha as armas e se dissolva em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, em 27 de fevereiro de 2025Yasin Akgul

Yasin AKGUL

O fundador do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Öcalan, preso na Turquia, pediu, nesta quinta-feira (27), que o movimento deponha as armas e se dissolva, em uma declaração histórica lida em Istambul.

“Todos os grupos devem depor as armas, e o PKK deve se dissolver”, ordenou Öcalan em uma declaração redigida em sua cela na ilha-prisão de Imrali, onde está em regime de isolamento desde 1999.

O chamado ocorre quatro meses depois de um aceno de Ancara ao líder histórico do PKK, que tem liderado por décadas uma insurgência contra o Estado turco, a qual custou dezenas de milhares de vidas.

Öcalan, de 75 anos, disse “assumir a responsabilidade histórica por este apelo”.

Sua mensagem foi lida por uma delegação de deputados do partido pró-curdo DEM que o visitaram na manhã de quinta-feira.

Em Diyarbakir, cidade de maioria curda no sudeste da Turquia, onde cerca de 3.000 pessoas haviam se reunido em uma praça para ouvir a transmissão sonora do apelo de Öcalan, alguns reagiram com aplausos, enquanto outros começaram a chorar.

“O apelo de Öcalan ao PKK para que se desarme e se dissolva representa uma mudança radical. Não apenas para a Turquia, que travou uma guerra de décadas contra o grupo, mas para toda a região”, afirmou Hamish Kinnear, analista da Verisk Maplecroft.

– Resposta –

A grande incógnita é como os combatentes, cuja cúpula militar tem sua base nas montanhas do norte do Iraque, irão receber sua mensagem.

Desde que Öcalan foi preso em 1999, houve várias tentativas de pôr fim ao derramamento de sangue que começou em 1984 e custou mais de 40.000 vidas.

A última rodada de negociações fracassou em meio à violência em 2015.

Depois disso, não houve contato até outubro, quando o principal aliado do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, o ultranacionalista Devlet Bahceli, ofereceu a Öcalan um gesto de paz, caso ele concordasse em acabar com a violência.

Em encontros anteriores com deputados pró-curdos, Öcalan já havia expressado sua “determinação” de virar a página da luta armada.

“Se as condições forem dadas, tenho o poder teórico e prático para transferir o conflito do âmbito da violência para o âmbito jurídico e político”, disse no final de outubro a um de seus interlocutores.

Fundado em 1978, o PKK, considerado um movimento “terrorista” por Ancara e pela UE, optou pela guerrilha em 1984, inicialmente para conseguir a criação de um Estado curdo. O conflito entre os guerrilheiros curdos e as forças turcas deixou mais de 40.000 mortos em quatro décadas.

Öcalan continua detido na ilha-prisão de Imrali, no mar de Mármara, ao sul de Istambul.

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