Vai beijar na folia? Saiba como prevenir a ‘doença do beijo’, comum na pegação do Carnaval

O Carnaval é a maior festa popular do Brasil e uma das preferidas do público mais jovem, que aproveita o período para investir em novos romances. A folia do período, contudo, pode vir acompanhada de uma convidada não tão agradável: a mononucleose, mais conhecida como a “doença do beijo”.

‘Doença do beijo’ não responde a antibióticos e atinge principalmente os jovens – Foto: Freepik/ND

A infecção pode causar aumento dos linfonodos do pescoço, sensação de fadiga e pode ser confundida com outros quadros infecciosos, ao provocar dor de garganta e febre. A evolução da “doença do beijo”, no entanto, tem características particulares e, por não se tratar de uma doença bacteriana, não responde a antibióticos.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico pode ser feito clinicamente, a partir de exame físico e análise dos sintomas apresentados. Normalmente, o aumento dos linfonodos no pescoço, ou inchaço do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), são achados sugestivos de mononucleose infecciosa.

Exames laboratoriais complementares são úteis para confirmação diagnóstica e monitoramento de eventuais complicações. No hemograma, a presença de linfócitos atípicos também é um indicador da doença. Testes sorológicos, nos quais se busca a presença de anticorpos contra o EBV (IgM e IgG), permitem a confirmação do diagnóstico conforme sua evolução.

Pessoa com fantasia de carnaval tomando água direto da garrafa

Mononucleose infecciosa pode se tornar mais comum durante o Carnaval – Foto: Reprodução/ND

Em casos específicos, pode-se detectar a presença do vírus causador da doença do beijo por meio de exames que utilizam técnica de biologia molecular. A doença é provocada pelo EBV (vírus Epstein-Barr), um tipo de herpesvírus com transmissão, geralmente, pelo contato com secreções orais, como a saliva. Não há vacina nem método 100% seguro de prevenção.

Como a ‘doença do beijo’ é transmitida?

A transmissão mais comum ocorre de pessoa para pessoa ou pelo compartilhamento de utensílios, como copos e talheres. Adolescentes e adultos jovens, entre 15 e 24 anos, são os mais acometidos. Nem todas as infecções são sintomáticas e estima-se que até 90% da população mundial seja infectada até a vida adulta.

A doença do beijo também pode provocar inchaço e placas esbranquiçadas nas amígdalas, assim como erupções cutâneas. O quadro dura entre uma e quatro semanas, com período de incubação (intervalo entre a infecção e o início dos sintomas) de quatro a seis semanas.

“Convém prestar mais atenção àquela dor de garganta persistente, associada a cansaço excessivo e febre, após períodos de muita exposição ao contato físico como o Carnaval”, destaca a médica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Sylvia Freire.

Qual o tratamento para a mononucleose?

A mononucleose infecciosa por EBV não possui um tratamento específico, mas orienta-se a utilização de medicamentos para melhorar os sintomas. Também são aconselhados repouso e evitar a realização de exercícios físicos, enquanto as anormalidades no baço e fígado estiverem sendo detectadas.

Foto de um homem e uma mulher se tocando com os lábios para representar a doença do beijo, transmitida pela saliva

Febre e dor de garganta estão entre os sintomas da mononucleose, conhecida como ‘doença do beijo’ – Foto: Freepik/ND

“O acompanhamento médico é importante para monitorar os sintomas da doença e eventuais complicações, possibilitando uma plena recuperação”, alerta a médica. Ela acrescenta que, além da doença aguda, o EBV pode estar relacionado a implicações a longo prazo como algumas doenças autoimunes e alguns tipos de linfoma.

Ainda de acordo com Sylvia Freire, pacientes imunossuprimidos podem apresentar sintomas prolongados e têm maior risco de desenvolver complicações.

“O EBV, assim como outros herpesvírus, tem a habilidade de se tornar latente no organismo. Os mecanismos que levam uma infecção latente benigna a uma doença de origem autoimune ou neoplásica ainda não estão completamente esclarecidos e parecem depender de diversos fatores”, finaliza a médica.

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