Papa Francisco, hospitalizado em estado crítico, teve uma ‘noite tranquila’

Freiras rezam diante do hospital Gemelli, em Roma, onde o papa Francisco está internadoALBERTO PIZZOLI

Alberto PIZZOLI

O papa Francisco, hospitalizado por uma pneumonia bilateral e em estado “crítico”, “passou uma noite tranquila”, informou o Vaticano neste domingo (23), mas não tomou café da manhã nem leu a imprensa durante a manhã.

A Santa Sé informou no sábado que Jorge Bergoglio, hospitalizado desde 14 de fevereiro, havia sofrido uma crise asmática prolongada, que exigiu a aplicação de oxigênio.

“O estado do Santo Padre continua crítico e, portanto, como explicamos (na sexta-feira), o papa não está fora de perigo”, afirmou o Vaticano em um boletim médico, que acrescenta que o prognóstico “atualmente é reservado”.

Na manhã de domingo, a Santa Sé indicou em um breve comunicado que Francisco, de 88 anos, “passou uma noite tranquila e descansou”. Porém, ao contrário do habitual, ele não tomou café da manhã nem leu os jornais, informaram fontes vaticanas.

O jesuíta argentino, líder da Igreja Católica desde 2013, foi internado no hospital Gemelli de Roma com bronquite, que evoluiu para uma pneumonia bilateral.

“O Santo Padre permanece alerta e passou o dia em uma cadeira, mas está sofrendo mais do que no dia anterior”, explicou o Vaticano na noite de sábado.

Os exames de sangue realizados também “revelaram uma trombocitopenia, associada a uma anemia, que exigiu a administração de uma transfusão de sangue”, acrescentou a Santa Sé.

A trombocitopenia é uma condição que ocorre quando a contagem de plaquetas no sangue de uma pessoa é muito reduzida, o que pode causar problemas para deter hemorragias, e pode ser potencialmente mortal.

“O papa piora”, afirma a manchete de domingo do jornal italiano Corriere della Sera, enquanto o La Repubblica cita o “dia mais sombrio” para o Vaticano.

“A situação é cada vez mais preocupante”, disse Fabrizio Pregliasco, um virologista italiano, ao jornal La Stampa, acrescentando que “as próximas horas e dias serão cruciais”.

– Orações pelo papa –

O Vaticano já havia anunciado que Francisco não pronunciaria a oração semanal do Angelus no domingo. Ele divulgará um texto, que será publicado, mas não será lido, como aconteceu na semana passada.

Em hospitalizações anteriores, Francisco pronunciou a tradicional oração da varanda do estabelecimento médico em Roma, onde está internado em uma suíte especial no décimo andar.

O cardeal italiano Baldo Reina, vigário do papa para a diocese de Roma, anunciou que no domingo à tarde será celebrada uma oração dedicada ao Santo Padre na basílica de São João de Latrão para que “o Senhor (…) o preencha da força necessária para superar este momento de prova”.

“Apesar de estar em uma cama de hospital, o sentimos próximo de nós”, declarou o monsenhor Rino Fisichella, que substituiu o papa em uma cerimônia na manhã de domingo na basílica de São Pedro.

Outros líderes religiosos e políticos disseram que estão rezando pelo papa, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que foi “informado” da situação, segundo a Casa Branca.

Um grupo de freiras e padres de todo o mundo se reuniu no sábado diante do hospital para rezar pela saúde do pontífice.

Francisco afirmou que o papado é um trabalho para toda a vida, mas também deixou aberta a possibilidade de renunciar como seu antecessor, Bento XVI.

O teólogo alemão tornou-se em 2013 o primeiro papa desde a Idade Média a renunciar voluntariamente, devido a problemas de saúde.

Francisco afirmou diversas vezes que não chegou o momento de renunciar, mas os problemas de saúde provocaram dúvidas sobre sua capacidade para liderar os quase 1,4 bilhão de católicos no mundo.

Apesar das dificuldades, o papa manteve nos últimos anos uma agenda intensa e, em setembro, fez uma viagem de 12 dias pela região Ásia-Pacífico.

Francisco sofreu uma série de problemas nos últimos anos, incluindo uma operação do cólon em julho de 2021 e uma cirurgia de hérnia em 2023.

Ele também enfrenta dores constantes no quadril e no joelho, que o obrigam a usar uma cadeira de rodas na maior parte do tempo.

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