Morte de brasileira na Holanda: família espera laudo final após contradição em certidões de óbito


Taiany Caroline Martins, de 32 anos, caiu de prédio em janeiro. Certidão emitida pelo Consulado-Geral do Brasil em Amsterdã aponta ‘ataque cardíaco’ como causa da morte; documento emitido no Brasil, depois do corpo passar pelo IML, diz que morte foi causada por ‘traumatismo cranioencefálico’ e ‘ação contundente’. Taiany Caroline Martins Matos, do DF, morreu após cair de prédio na Holanda.
reprodução
A família de Taiany Caroline Martins, de 32 anos, espera o laudo completo da autópsia do Instituto de Criminalística do Distrito Federal para saber a verdadeira causa da morte da brasileira, após contradições nas certidões de óbito. Ela caiu de um prédio na cidade de Breda, na Holanda, no dia 3 de janeiro (saiba mais abaixo).
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A certidão de registro de óbito, emitido pelo Consulado-Geral do Brasil, em Amsterdã, aponta como causa da morte “ataque cardíaco”. Mas o mesmo documento emitido no Brasil, depois do corpo passar pelo IML, diz que a óbito ocorreu por “traumatismo cranioencefálico” e “ação contundente”. O laudo completo deve sair ainda este mês.
“A minha expectativa é que o laudo do IML fale mais. Mostre pra gente mais coisas que possam ter acontecido antes da queda. A queda teve, a gente sabe disso, está provado. Só que também não sabemos direito a autopsia de lá [da Holanda]. Não tenho acesso”, diz Naiany Martins Matos, irmã de Taiany.
Certidão de óbito de Taiany Matos, do DF.
TV Globo
Certidão de óbito de Taiany com causa da morte.
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Taiany era de Planaltina, no Distrito Federal. Ela morava na Europa há 6 anos e vivia na cidade de Breda, na Holanda, com o companheiro — um holandês de 53 anos. Foi ele quem avisou a família sobre a morte da jovem, no dia seguinte ao ocorrido.
“Ele falou: ‘Ela caiu do prédio. Ela caiu do prédio e morreu’. Ele falou que ela escorregou, que ela se pendurou na janela e escorregou, diz Naiany.
A reportagem não conseguiu contato com o ex-companheiro de Taiany.
‘Relacionamento conturbado’
Irmã de brasileira morta na Holanda fala sobre dor de trazer jovem em um caixão
Segundo a irmã de Taiany, amigas próximas disseram que o relacionamento com o holandês, que durou 7 meses, era bastante conturbado. Segundo essas amigas, no dia da queda Taiany saiu à noite para um festa e ficou com medo de voltar para casa.
A minha irmã estava muito triste, muito chateada e precisavamuito sair com as amigas para desabafar. Nessas mensagens, minha irmã fala que não queria mais estar com ele, que ele estava fazendo muito mal a ela. E ai elas foram se divertir na Bélgica, conta Naiany.
Uma amiga de Taiany contou à família dela que, durante o passeio, a jovem recebeu ligações do companheiro o tempo todo, e que ela ficou com muito medo de voltar para o apartamento naquela noite. Então, o grupo decidiu esperar amanhecer para subir ao quarto, que estava trancado. O homem só abriu a porta quando as amigas foram embora.
Ela falou que ele estava bêbado, que ele começou a beber, que ele estava estranho, que ele tentou pegar o celular dela e, por isso, ela estava trancada no banheiro. A gente sabe pelo relato das mensagens que ele estava muito nervoso, conta Naiany.
Depois disso, as amigas não receberam mais mensagens da Taiany. Até que ficaram sabendo da queda, do quarto andar.
O que ele diz é ela se trancou num quarto. Parece que ele já estava com o celular dela, ele conseguiu ficar com o celular dela. E aí foi que ela se pendurou na janela com uma perna pra fora, uma pra dentro do quarto, escorregou e caiu. Só que aí a gente questiona, se ele diz que o quarto estava trancado, como ele viu que ela estava com a perna pra fora?.
Polícia holandesa encerrou investigações no dia da queda
Poucos dias depois, quando o caso ganhou repercussão, a polícia de Breda divulgou nas redes sociais que conduziu uma investigação minuciosa em conjunto com o Ministério Público e que isso foi realizado, entre outras coisas, por especialistas da investigação forense.
Segundo a polícia holandesa, a investigação mostrou que não foi um caso criminal (veja a publicação e a tradução abaixo).
Nota oficial da polícia de Breda, na Holanda, sobre a morte de brasileira
Redes sociais/reprodução
Vemos e ouvimos a preocupação com a morte de uma jovem em Breda, no dia 3 de janeiro. Após a morte, conduzimos uma investigação minuciosa em conjunto com o Ministério Público. Isto foi realizado, entre outras coisas, por especialistas da Investigação Forense.
A investigação mostrou que este não é um caso criminal. Informamos a família sobre isso. Desejamos muita força aos familiares. Pedimos às pessoas que não compartilhem nomes nas redes sociais, pois isso viola a privacidade.
Em frente ao prédio onde Taiany morava, amigos fizeram homenagens e um memorial com flores, velas e mensagens (veja foto abaixo).
Amigos e familiares de Taiany fazem homenagem no DF.
TV Globo
O translado do corpo de Taiany para o Brasil custou cerca de R$ 45 mil. A família fez uma vaquinha para conseguir o dinheiro. O sepultamento foi dia 19 de janeiro.
A gente trouxe ela num caixão, é isso que me dói. Eu não consigo te dizer, nem imaginar, o que a minha irmã passou. Me dói todos os dias de pensar que ela tava sofrendo abusos, questionamentos, perseguições. A minha irmã era uma menina muito livre e muito alegre, diz Naiany.
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