Escola indígena funciona sem água, refeitório, professores suficientes e crianças brincam na rua por falta espaço em Roraima


Escola estadual Afonso Cadete, localizada na comunidade indígena de Campinho, na região de Canaunani, no Cantá, foi inaugurada há 28 anos e nunca passou por manutenções. Governo de Roraima informou que escola terá reformas nos próximos dias. Escola funciona no Cantá há 28 anos sem estrutura adequada para os alunos
A escola estadual Afonso Cadete, localizada na comunidade indígena Campinho, na região de Canaunani, no Cantá, enfrenta uma série de problemas: falta de salas e professores, apenas um ventilador para os alunos, ausência de ar-condicionado, refeitório e até de um bebedouro. Construída há 28 anos, a unidade nunca passou por reformas.
Mesmo com os problemas, a escola segue funcionando e atende 35 alunos do ensino fundamental das comunidades indígenas dos povos Wapichana e Macuxi. A unidade tem apenas duas salas de aula, uma com o ventilador quebrado e outra com o forro aberto.
Entre os alunos, um cadeirante e um autista não possuem cuidadores especializados. Ela fica localizada a 36,6 km de Boa Vista, a cerca de 25 minutos da capital.
“Porque a gente não tem sala suficiente para os alunos. Hoje, esse ano a gente teve uma demanda grande de alunos que não tem onde ficar”, denuncia a vice-tuxaua da comunidade Campinho, Tatiana Oliveira.
Forro aberto e ventilador quebrado em escola indígena no Cantá, Roraima
Ronny Alcantara/Rede Amazônica
Por meio de nota, a Secretaria de Educação (Seed) informou que a escola Afonso Cadete, está inclusa na programação do governo de Roraima para receber obras de construção. A unidade de ensino contará com um novo prédio e o processo está agora na Secretaria de Infraestrutura, na base de elaboração das peças técnicas e do projeto básico.
Laís Cavalcante, de 10 anos, é uma das alunas que estudam na Afonso Cadete. Ela relata os problemas enfrentados na escola.
“Ela não é adequada porque a gente sente cheiro de fezes de morcegos, ali fica aberto e depois do recreio aqui fica muito quente”, relata a estudante.
Até o ano passado, o quadro era de giz. Em 2025, eles foram substituídos por lousas brancas de pincel atômico. Além disso, apenas um professor atende três turmas ao mesmo tempo na mesma sala. A gestora da escola, Marly Cadete, explica a situação.
“Aqui nós trabalhamos com multiseriado. Nós não temos aqui primeiro ano, segundo, terceiro ano… é uma turma para três anos e a outra turma para os outros. Nós estamos com bastante alunos e uma sala que não comporta 25 alunos em uma sala”, disse.
Crianças lancham em tenda improvisada feita pela comunidade em escola indígena de Roraima
Ronny Alcantara/Rede Amazônica
O recreio funciona sem um refeitório ou um espaço para socialização. A própria comunidade se uniu e construiu um barracão improvisado de palha para as crianças comerem.
A água da escola também virou responsabilidade da comunidade, que fez uma ligação geral da caixa d’água. A da escola foi desativada por falta de manutenção.
Não tem bebedouro. Eles usam garrafas pets de 2 litros que enchem na pia da cozinha. As crianças brincam na rua por falta de local apropriado em meio aos carros, motos e até caminhões que passam.
“O carro passa aqui na frente da escola como se fosse uma rua, porque nós não temos uma um muro na escola. Então, por isso que nós estamos apelando para que a gente possa ser atendido”, afirma a gestora.
Crianças brincam no intervalo sem que haja muros em escola indígena de Roraima
Ronny Alcantara/Rede Amazônica
A dona de casa Cristina Oliveira é mãe de alunos que estudam na escola e ela destaca: os problemas são antigos.
“Como mãe, eu me sinto entristecida vendo essa situação. Não é de agora, já vem de anos. Eu já tive filha que estudou aqui, eu estudei aqui, já era desse jeito. Meus filhos estão aqui, outra já passou para outra escola lá na outra comunidade… continua do mesmo jeito”, destacou a dona de casa.
A Seed informou que encaminhou uma equipe do departamento de logística para realização das manutenções emergenciais relacionadas à parte elétrica e também a situação da Caixa d’água na escola.
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