‘Chegava em casa com marcas, chorava e tinha medo da escola’, conta mãe sobre menino agredido por diretor no RJ


Câmeras de segurança mostram a criança sendo sacudida contra uma parede do Jardim Escola Arco Íris do Gramacho, em Duque de Caxias. O homem é dono da escola. Menino de 4 anos é agredido por diretor em escola infantil em Duque de Caxias
Reprodução/TV Globo
A mãe do menino de 4 anos que foi filmado sendo agredido pelo diretor do Jardim Escola Arco Íris do Gramacho, em Duque de Caxias, conta que era rotina a criança chegar em casa com marcas pelo corpo, chorando ou relatando que não queria ir para o colégio por medo. O caso foi denunciado na 59ª DP (Duque de Caxias) nesta segunda (10).
A filmagem que mostra o garoto sendo sacudido contra uma parede da escola veio à tona depois que um perfil fake enviou o vídeo para a mãe dizendo que “se fosse o filho dela, iria querer saber”.
A mãe conta que teve uma crise de ansiedade ao ver as imagens e que começou a gritar no trabalho. Horas depois, ela foi prestar queixa contra o homem identificado como Ananias Nogueira, dono da escola, que é conhecido como Tio Nandi.
Segundo ela, várias vezes questionou os hematomas na criança e a escola justificava dizendo que ele se machucava enquanto fazia pirraça no colégio. Em abril do ano passado, um relatório foi entregue aos pais sugerindo que ele fosse afastado dos estudos e retornasse “quando estivesse calmo e medicado”.
No entanto, a mãe contou ao g1 que, na época, não havia indicativo de que o menino precisasse de algum tratamento.
O relatório, entregue no dia 1º de abril, diz que “após avaliação cuidadosa, chegamos a decisão de sugerir alguns ajustes para garantir o bem-estar do aluno. Apesar de todos os esforços da nossa equipe, enfrentamos desafios em manter o aluno em sala de aula com segurança”.
“Em alguns momentos, sua agitação pode representar um risco para si mesmo ou para os coleguinhas. Por isso, solicitamos que o aluno frequente a escola apenas quando estiver medicado e mais calmo”, diz o relatório.
A escola sugere ainda que a matrícula seja trancada sem prejuízo financeiro para os pais e que, ainda assim, o conteúdo das aulas seja enviado por mensagem para ele acompanhar em casa.
O garoto, meses depois, teve laudo de hiperatividade e iniciou o tratamento.
“Foi como se eles já tivessem um pré diagnóstico do meu filho. Hoje ele faz terapia e é acompanhado por neuro”, conta a mãe.
A mulher afirma que, por várias vezes, pediram para ela buscar o menino mais cedo.
“Todas as vezes que eles entravam em contato, eles sempre falavam: ‘ah, tem que vir buscar o seu filho agora, ele tá fazendo isso e aquilo!’. É uma revolta, passa mil coisas pela nossa cabeça, eu tentei manter a calma”, conta ela.
A família ainda procurou o Ministério Público por achar a transferência indevida e injustificada.
Vídeo mostra comportamento agressivo de diretor
Menino de 4 anos é agredido por diretor em escola infantil em Duque de Caxias, no RJ
As câmeras de segurança (veja acima) mostram que a criança estava com o rosto virado para a parede e era acolhido por uma professora. A educadora parece falar com alguém.
Nesse momento, um homem aparece e puxa o braço do menino com agressividade. O garoto cai, e ele suspende o corpo do menino com as duas mãos e o joga na parede.
Com o corpo preso na parede, o garoto é sacudido várias vezes e depois jogado no chão.
“Me deu uma crise de ansiedade, eu não conseguia chorar, eu só comecei a gritar muito no trabalho porque a gente não imagina que o nosso filho vai estar no colégio e vai estar passando por isso”, desabafa a mãe.
O que diz a escola
Em um primeiro contato, o diretor disse que se pronunciaria depois por questões de saúde. Horas depois, uma nota foi enviada pelo advogado Ivan Perazoli, que representa a instituição. Leia a íntegra:
“O Colégio Jardim Escola Arco Íris do Gramacho, por meio de sua Direção, vem a público manifestar repúdio às imagens que vêm sendo propagadas, a respeito da instituição.
Somos uma escola rígida, atenta, de ambiente familiar e religioso, de forma que alegações em sentido contrário, nos ferem de forma severa.
Há 27 anos, educamos crianças e jovens de nossa cidade e região. Assim sendo, reafirmamos nosso compromisso de que essa missão seja bem feita, bem como reiteramos nosso comprometimento em zelar pelo bem-estar e pela segurança de todos os nossos alunos, professores e tomar conhecimento sobre um suposto caso de agressão, por parte de um colaborador, a um aluno, adotou medidas necessárias, que resultaram no afastamento do referido colaborador.
A ocorrência está sendo investigada com o apoio do Conselho Tutelar. Desta forma, faz questão de ressaltar que não tolera todo e qualquer ato de violência, sendo essa questão de valor, assim como o acolhimento à vítima.
Informamos ainda que já foi instaurado processo para apuração e sanções disciplinares. A escola é contra quaisquer manifestações de violência física que envolva a comunidade discente, por parte de seus membros e/ou direcionadas a qualquer um deles. A escola reitera que qualquer tipo de violência é inaceitável, por se contrapor a valores fundamentais ensinados na própria escola.
Nossa escola é lugar de convívio saudável, diálogo, tolerância e coexistência pacífica entre pessoas das mais diversas orientações políticas, religiosas, de gênero, classe, raça e etnia, por isso não se furtará a adotar as ações cabíveis em relação a esse ou quaisquer outros episódios que representem risco à integridade física ou psicológica de membros de sua comunidade.”
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