Dengue: aumento de casos acende alerta em meio ao verão


Infectologista da Santa Casa Presidente Prudente esclarece dúvidas sobre sintomas, tratamento e prevenção. Doença provocada pelo mosquito Aedes aegypti pode levar a morte.
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Com a chegada do verão, o calor e as chuvas intensas criam condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Em Presidente Prudente, as autoridades de saúde estão em alerta devido à elevação nos índices de infecção. Até o início de fevereiro desse ano, já foram confirmados mais de 600 casos da doença na cidade, além de 3.361 notificações e 2 óbitos.
Prevenção começa em casa
A prevenção é o principal caminho para evitar a disseminação do mosquito. Pequenas atitudes, como eliminar recipientes que acumulam água e manter calhas limpas, podem fazer uma grande diferença. Nesta época do ano, é crucial redobrar os cuidados, principalmente em regiões onde os casos históricos da doença são elevados.
Os desafios no combate à dengue
Apesar das campanhas educativas e das ações das prefeituras, o controle da dengue ainda enfrenta desafios, como a falta de conscientização da população e a dificuldade de manter uma vigilância ativa em todas as áreas da cidade. Outro fator é a falta de sintomas específicos em muitos casos, o que pode retardar o diagnóstico e o tratamento.
Para esclarecer as principais dúvidas sobre a doença e abordar questões de interesse da população, conversamos com o Dr. Danilo Zangirolami Pena, infectologista da Santa Casa Presidente Prudente.
Dr. Danilo Zangirolami Pena, médico infectologista da Santa Casa Presidente Prudente.
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Dr. Danilo Zangirolami Pena responde
Quais são os sinais que mais frequentemente levam os pacientes a procurarem ajuda médica no caso de dengue?
A dengue é uma doença infecciosa que se manifesta pela febre alta nos primeiros dias, associada a sintomas como cefaleia (dor de cabeça), mialgia (dor no corpo), artralgia (dor nas articulações), náuseas, inapetência, sonolência, dor retro-orbitária (dor ao movimentar os olhos), exantema (vermelhidão), sangramento em mucosas (nariz, gengiva, urina) e dor abdominal.
Existe algum protocolo ou exame específico que o senhor recomenda para confirmar rapidamente o diagnóstico de dengue?
O diagnóstico da dengue é clínico, ou seja, baseado na história clínica e na presença de sinais e sintomas sugestivos da doença. Uma vez levantada a suspeita de infecção por dengue, esta deve ser conduzida até a resolução do quadro, e não se deve esperar a confirmação laboratorial para iniciar o tratamento.
Para confirmação do diagnóstico, existem dois exames complementares com maior disponibilidade: teste rápido (pesquisa do antígeno viral NS1) e sorologia (coletada a partir do 7º dia do início dos sintomas).
O teste rápido da dengue (pesquisa do antígeno viral NS1) deve ser coletado nos cinco primeiros dias da doença. Um resultado positivo é indicativo da doença aguda, porém um resultado negativo, diante da suspeita clínica, não exclui o diagnóstico.
O método de escolha para confirmação de rotina da dengue é a sorologia, coletada a partir do sexto/sétimo dia do início dos sintomas.
Como é feita a avaliação de um caso de dengue grave? Quais são os principais sinais de alerta?
Pacientes com suspeita ou confirmação de dengue devem ser acompanhados e avaliados diariamente. A avaliação inclui a observação de sinais e sintomas de alarme, como dor abdominal, sangramentos, vertigem, vômitos persistentes, falta de ar, desmaio, diminuição do volume urinário, hipotensão, sonolência ou irritabilidade, além de alterações laboratoriais. Caso o paciente apresente alguma dessas alterações, ele deve ser direcionado a uma unidade de saúde para internação hospitalar, com hidratação endovenosa e exames complementares.
A hidratação é frequentemente recomendada para os pacientes. Qual é o papel dela no tratamento da dengue?
A dengue provoca uma série de alterações inflamatórias no organismo, sendo uma delas a perda de líquido dos vasos sanguíneos para outros compartimentos do corpo. Além disso, alguns pacientes podem apresentar vômitos e diarreia, o que contribui para a perda de líquido corporal. Diante disso, faz-se necessária uma boa hidratação para manter níveis adequados de líquido circulante nos vasos sanguíneos, evitando quadros de hipotensão e desmaio, bem como outras complicações da dengue.
Dengue é caracterizada por uma doença febril.
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Pacientes que contraem dengue mais de uma vez enfrentam maiores riscos? Por quê?
Sim, pacientes que apresentam quadro de reinfecção podem desenvolver formas mais graves da doença. Esse fato é explicado pelo próprio sistema imunológico do indivíduo. Quando ocorre a reinfecção, os anticorpos formados no episódio anterior não são capazes de neutralizar o novo sorotipo do vírus, visto que cada infecção se dá por um sorotipo diferente. Essa incapacidade de neutralização provoca uma exacerbação dos mecanismos de defesa, resultando em uma tempestade inflamatória, o que aumenta o risco de gravidade da doença.
A dengue pode causar sequelas a longo prazo? Quais são os casos mais comuns?
A grande maioria dos indivíduos infectados apresenta recuperação completa dos sintomas após algumas semanas da fase aguda da doença. No entanto, as sequelas mais comumente relatadas incluem fadiga, cansaço e indisposição. Pacientes que desenvolvem dengue grave podem apresentar sequelas cardíacas, neurológicas e musculares, dependendo da gravidade da infecção, da condição de saúde do paciente e do acometimento de outros órgãos e sistemas do organismo.
Existe algum cuidado específico que os pacientes precisam ter após se recuperarem da dengue?
As recomendações incluem boa hidratação, alimentação saudável e repouso. É importante destacar que cada paciente possui um tempo diferente de recuperação, que deve ser respeitado dentro das limitações do organismo. A prática de atividades físicas deve ser retomada gradativamente.
É possível distinguir a picada do Aedes aegypti da picada de um mosquito comum?
É praticamente impossível diferenciar a picada do mosquito Aedes aegypti da picada de um pernilongo, pois ambas são praticamente imperceptíveis. O que pode ajudar na diferenciação é a observação direta do mosquito. O Aedes aegypti tem um tamanho maior e apresenta listras brancas no corpo e nas patas, ao contrário do pernilongo comum. Outro fato curioso é que o Aedes costuma picar durante o dia, principalmente no período da manhã e no final da tarde.
Por que não se deve tomar anti-inflamatórios em caso de contaminação ou suspeita de dengue?
O uso de anti-inflamatórios aumenta o risco de sangramentos, o que pode resultar em um quadro grave da doença. Essa recomendação se baseia no mecanismo de ação dos anti-inflamatórios e na própria evolução da dengue. Os anti-inflamatórios interferem no funcionamento das plaquetas, reduzindo sua capacidade de agregação. Além disso, a infecção por dengue já causa uma diminuição na produção de plaquetas. A combinação desses dois fatores aumenta significativamente o risco de sangramentos.
Existem avanços recentes no tratamento ou na prevenção da dengue, como vacinas ou medicamentos específicos?
Não existe nenhum medicamento específico para o tratamento da dengue. A base do tratamento consiste na hidratação e no uso de antitérmicos, analgésicos e antieméticos, evitando o uso de anti-inflamatórios.
Uma medida preventiva importante é a vacinação, disponível tanto na rede privada quanto na pública. A vacina é aplicada em duas doses, com intervalo de três meses entre elas, e pode ser tomada por indivíduos entre 4 e 60 anos, independentemente de terem tido dengue anteriormente, salvo algumas contraindicações, como gestantes, lactantes e pacientes imunocomprometidos.
Vale ressaltar que a vacina disponível na rede pública contempla indivíduos entre 10 e 14 anos.
Uma vez infectada, a pessoa adquire imunidade permanente contra a dengue?
O vírus da dengue possui quatro sorotipos diferentes (DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4). Quando uma pessoa é infectada por um determinado sorotipo, ela adquire imunidade permanente apenas contra esse sorotipo específico, o que chamamos de imunidade sorotipo-específica.
Isso significa que um mesmo indivíduo pode se infectar até quatro vezes com o vírus da dengue, sendo cada infecção causada por um sorotipo diferente.
No quadro “Minuto Saúde” produzido pela Santa Casa Presidente Prudente, o médico especialista explica os mitos e verdades mais comuns sobre a doença.
Minuto Saúde
É possível acessar toda a playlist do “Minuto Saúde” nas redes sociais da Santa Casa e no canal do hospital no Youtube, garantindo que as informações estejam disponíveis de forma fácil e acessível a todos os interessados.
A maior parte dos focos de dengue encontra-se em residências.
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Dicas para prevenir a proliferação do mosquito da dengue
Elimine qualquer recipiente que possa acumular água parada, como pneus velhos, vasos de plantas e garrafas vazias.
Mantenha caixas d’água, tonéis e cisternas bem fechados.
Limpe ralos, calhas e canaletas regularmente para evitar o acúmulo de água.
Troque a água dos vasos de plantas e lave os pratos das plantas com frequência.
Coloque areia nos pratinhos das plantas para impedir que a água fique parada.
Mantenha piscinas e fontes devidamente tratadas com cloro.
Evite o acúmulo de lixo e descarte corretamente recipientes que possam acumular água.
Utilize telas de proteção em janelas e portas e, se possível, mosquiteiros ao dormir.
Aplique repelente regularmente, principalmente em áreas de alta incidência do mosquito.
A luta contra a dengue começa com pequenos hábitos diários. A prevenção é essencial para evitar surtos e proteger a saúde de todos.
Santa Casa Presidente Prudente: Sua Saúde em um Só Lugar!
O diferencial da Santa Casa Presidente Prudente está na sua capacidade de prover um ambiente de cuidados abrangente. Aqui, o paciente encontra tudo o que necessita dentro do complexo hospitalar, eliminando a necessidade de deslocamentos e assegurando agilidade, conforto e segurança em todas as fases do tratamento. Equipada com serviços como Tomografia, Hemodinâmica, Endoscopia, Ambulatório e Laboratório próprio, a instituição também é especializada em uma ampla gama de procedimentos cirúrgicos, incluindo emergenciais, urológicas, bariátricas, plásticas, entre outras.
Santa Casa Presidente Prudente.
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Com mais de 18 mil metros quadrados construídos, a nossa instituição é um complexo hospitalar imponente que orgulhosamente emprega cerca de 1.300 trabalhadores entre colaboradores diretos e indiretos. Contamos com uma equipe de 450 médicos credenciados e ativos, dedicados a oferecer o mais alto nível de cuidado aos nossos pacientes. Para atender às demandas cirúrgicas, dispomos de 15 salas devidamente equipadas e, para casos que necessitam de cuidados intensivos, contamos com 24 leitos de UTI. Além disso, temos à disposição 209 leitos de enfermaria para proporcionar o suporte necessário aos pacientes durante o processo de recuperação.
Compromisso com o SUS: Mais de 60% dos atendimentos realizados
A Santa Casa Presidente Prudente orgulha-se de ser um dos maiores parceiros do Sistema Único de Saúde na região, dedicando mais de 60% dos seus atendimentos a essa modalidade. Em 2024, foram realizadas mais de 192.000 exames, 5.498 internações e mais de 3.400 cirurgias, todos através do processo de regulação coordenado pelo SIRESP (Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo).
Convidamos a todos a acompanhar de perto as inovações e os avanços na Santa Casa Presidente Prudente através das nossas redes sociais. Estamos comprometidos em oferecer uma experiência de saúde completa e de alta qualidade, porque sua saúde merece o melhor cuidado.
Diretora Técnica Responsável – Helen Brambila CRM 145545
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