Castigado pelas enchentes desde os ano 80, Jardim Pantanal amanhece novamente embaixo d’água na Zona Leste de SP


Distrito é uma área de ocupação irregular que se estende por nove bairros, entre São Paulo e Guarulhos, onde deveriam ser proibidas as construções e loteamentos. Mas a ocupação desordenada da cidade castiga a região a cada grande chuva. Jardim Pantanal amanhece novamente embaixo d’água na Zona Leste de SP
O distrito do Jardim Pantanal, na Zona Leste, que sobre desde os anos 80 com as grandes enchentes que atingem a cidade de São Paulo, amanheceu neste sábado (1°) novamente embaixo d’água.
O temporal que caiu na capital paulista e em várias cidades da Grande SP atingiu em cheio o bairro durante a madrugada, tirando o sono dos moradores (veja vídeo abaixo).
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
Localizado na chamada “área de várzea do rio Tietê”, o bairro foi o mais prejudicado com a cheia do rio, que chegou a transbordar na capital paulista nesta última madrugada.
Moradores do Jd Pantanal passam a madrugada sofrendo com mais uma enchente na Zona Leste
A chuva que atingiu toda a Grande SP começou no fim da noite desta sexta (31) e obrigou a Defesa Civil a emitir um alerta de temporais severos para várias áreas da Região Metropolitana, por volta das 23h11.
Vídeos feito pelos moradores da região, que também inclui o Jardim Helena, mostram as casas completamente alagadas durante a noite e a madrugada.
No amanhecer, a água não baixou mesmo com o fim da chuva e crianças e moradores andam no meio das águas da chuva para conseguirem cumprir seus compromissos.
Jardim Pantanal, na Zona Leste de SP, enfrenta enchentes desde os anos 80
O que é o Jardim Pantanal
O Jardim Pantanal é uma área de várzea que se estende por nove bairros ao longo da Zona Leste de São Paulo, divisa com a cidade de Guarulhos.
Localizada na beira do Rio Tietê, a área é onde justamente o rio corre devagar e faz curvas.
A região, que deveria ser uma Area de Proteção Ambiental (APA), onde são proibidas construções de casas e ruas. Mas a ocupação irregular e desordenada da cidade transformou a região em um bairro de muitas famílias e comunidades.
Basta chover pouco para a água ocupar as ruas. Sem conseguir retirar os moradores do local, o poder público começou a levar infraestrutura para as margens do rio e construiu conjuntos habitacionais, escolas e piscinões ao longo das últimas décadas.
Série mostra as transformações no Jardim Pantanal, bairro que ficou conhecido pelas enchentes
Numa grande enchente, em 2009, tudo ficou alagado por mais de 20 dias. A situação foi registrada pela TV Globo na época.
Os primeiros moradores chegaram à área ainda na década de 80. Nos anos 2000, a situação se agravou com o aumento da ocupação irregular da região.
Em 2020, o então governador João Doria, ex-PSDB, entregou uma espécie de barreira para tentar segurar as enchentes.
Já o prefeito reeleito Ricardo Nunes (MDB) disse no ano passado que R$ 400 milhões serão investidos em obras, entre elas de drenagem para prevenir cheias na região.
Na nossa série de reportagens sobre o Jardim Pantanal, vamos mostrar a luta de lideranças comunitárias pra melhorar as condições de vida extremamente difíceis
Uma das melhorias da atual administração foi a construção de um polder na confluência das ruas Serra do Grão Mogol e Tite de Lemos, com a intenção de contribuir para a melhoria das condições de drenagem do local e no entorno.
O reservatório amortece as cheias e a água captada pelas redes de drenagem é depois encaminhada para o Córrego Lageado.
Série Jardim Pantanal: lideranças religiosas são as primeiras a socorrer a população quando o poder público não chega
Chuvas na Grande SP
Não foi só no Jardim Pantanal que a chuva castigou os moradores na madrugada deste sábado (1°). Em várias regiões da Zona Leste e Norte, e também em cidades da Região Metropolitana, os moradores viveram uma madrugada de caos, em razão das fortes chuvas que caíram.
Os alagamentos aconteceram também Caieiras, Guarulhos, Franco da Rocha e municípios do ABC Paulista, como Diadema, Santo André e São Bernardo do Campo, que também tiveram bairros inteiros alagados (veja vídeo acima)..
Enchentes atingem cidades da Grande SP na madrugada deste sábado (1°)
A Marginal do Tietê também vários pontos de alagamentos em toda sua extensão, entre a Zona Norte e a Zona Leste de São Paulo.
O rio Tietê transbordou na região da entrada de SP pela rodovia Anhanguera (veja vídeo abaixo).
No total, o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) aponta que foram registrados até o momento 26 pontos de alagamento, 12 deles na noite de sexta (31) e mais 14 durante a madrugada de sábado (1°).
Marginal do Tietê em SP amanhece com caminhões presos nos alagamentos
Devido às fortes chuvas, a Linha 7-Rubi da CPTM está com a circulação paralisada entre as Estações Caieiras e Botujuru durante toda a manhã.
O Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas da capital registrou cerca de 25,7 mm de chuva na cidade desde a noite de ontem. O maior índice pluviométrico foi na Zona Norte com 25,7 mm.
Centenas de ruas e casas ficaram alagadas na capital paulista. As regiões do Itaim Paulista, Guaianases, Penha e Itaquera, na Zona Leste, foram as mais afetadas, além da Zona Norte.
Alagamento na Grande São Paulo e alerta da Defesa Civil para os riscos dos temporais, que começaram na noite desta sexta-feira (31).
Reprodução
Houve registro de seis transbordamentos de rios e córregos, todos eles localizados na Zona Leste.
O término de atenção para alagamentos e enchentes nessas áreas só terminou as 6h30 da manhã, segundo o CGE.
Da noite de sexta (31) até o fim da madrugada, o Corpo de Bombeiros recebeu 69 chamados para enchentes e outros pedidos de socorro, conforme abaixo:
19 chamadas para queda de árvores;
08 chamadas para desabamentos/desmoronamento;
69 chamadas para enchentes.
Alagamento na Rua Padre Viegas de Menezes, em Itaquera, Zona Leste, na madrugada deste sábado (1°).
Reprodução/TV Globo
Na Zona Norte, várias casas da Vila Albertina e do Jaçanã também ficaram embaixo d’água.
As 04h30 os bombeiros foram chamados para atender uma ocorrência de desabamento na Rua Olavo Hansen, no Jaçanã.
Duas mulheres estavam na casa e foram socorridas pela corporação.
O que diz a Prefeitura de SP
A Prefeitura de São Paulo informa que, em decorrência das fortes chuvas na noite da última sexta-feira (31), acionou 145 equipes de limpeza, com mais de 2.700 servidores, 3.300 veículos de zeladoria com 1.769 funcionários, que atuaram em toda a cidade mitigando os efeitos da tempestade.
No trânsito, cerca de 220 agentes de trânsito realizaram o monitoramento das principais vias da cidade.
Cidades da Grande SP ficam embaixo d’água em razão das chuvas da madrugada deste sábado (1°).
Reprodução
Grande SP embaixo d’água
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os maiores acumulados de chuva nas últimas horas no estado de São Paulo foram as seguintes cidades:
Caieiras (Jardim Marcelino): 95mm
Ferraz De Vasconcelos (Centro): 87mm
Ferraz De Vasconcelos (Pres. Castello Branco): 81mm
São Paulo (Cidade Tiradentes 2): 80mm
Cabreúva (Centro): 79mm
Franco Da Rocha (Parque Paulista): 78mm
São Paulo (Jardim Guapira): 73mm
Franco Da Rocha (Jardim Luciana): 72mm
Guarulhos (Vila Nova Bonsucesso): 68mm
São Paulo (Jardim Romano): 67mm
Caieiras (Jardim Vera Tereza): 67mm
Francisco Morato (Jardim Primavera): 67mm
Guarulhos (Jardim Nova Cidade): 64mm
Mairiporã (Vila Nova Juqueri): 62mm
São Paulo (José Bonifácio): 60mm
Mairiporã (Apolinário): 55mm
Adicionar aos favoritos o Link permanente.

Os comentários estão desativados.