Em comunicado sobre viagem oficial do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao Panamá e mais quatro países vizinhos, o Departamento de Estado americano também falou em “combater a China”. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o agora secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio
Jonathan Drake/Reuters
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, viajará para o Panamá , El Salvador, Costa Rica, Guatemala e República Dominicana, entre os dias 1º e 6 de fevereiro, informou o Departamento de Estado em um comunicado nesta sexta-feira (31).
Segundo o documento, a viagem tem como objetivo promover a cooperação regional em interesses compartilhados, como impedir a migração ilegal e em larga escala, lutar contra organizações criminosas transnacionais e traficantes de drogas, e aprofundar parcerias econômicas, além de “combater a China”.
A presença da China na América Latina, principalmente no Canal do Panamá, já foi alvo de críticas do novo governo americano anteriormente. O presidente, Donald Trump, ameaça retomar o controle sobre o canal, que foi dos EUA até 1999, por causa de “taxas excessivas” e alega que ele não pode cair em “mãos erradas”.
Também nesta sexta, ao falar sobre a viagem de Rubio, o enviado especial do governo dos Estados Unidos para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, reforçou o discurso do presidente.
Ele disse que a presença “invasiva” da China na zona do Canal do Panamá, que é um “ativo estratégico”, “ficou completamente fora do controle” e que é uma preocupação para os Estados Unidos.
Pessoas tiram fotos próximos ao Canal do Panamá a partir de um novo mirante.
Arnulfo Franco/AP
O Canal do Panamá “não é uma concessão nem um presente” dos Estados Unidos, disse o presidente panamenho, José Raúl Mulino, nesta quarta-feira (22) após novas ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, de “retomar” o controle da hidrovia interoceânica.
Em uma mesa redonda no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Mulino rejeitou “tudo o que o Sr. Trump disse, primeiro porque é falso e, segundo, porque o Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá”.
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“O Canal do Panamá não foi uma concessão ou um presente dos Estados Unidos. O Panamá está avançando, o Panamá não se distrai com esse tipo de pronunciamento”, afirmou Mulino.
Mulino também demonstrou destempero ao ser perguntado se temia uma possível invasão dos EUA, à qual respondeu “fala sério, fala sério”. O panamenho se recusou a responder outras perguntas após participar de um painel sobre as “falhas estruturais” da América Latina no fórum.
Em seu discurso de posse na segunda-feira (20), Trump reiterou sua intenção de assumir o controle do Canal do Panamá. Ele não detalhou como pretende fazer isso, mas não descartou o uso de força militar.
“A China está operando o Canal do Panamá e nós não o demos à China. Nós o demos ao Panamá e vamos tomá-lo de volta”, afirmou Trump em discurso de posse.
Trump discursa para apoiadores após tomar posse como presidente
Greg Nash/Pool via Reuters
No entanto, o presidente panamenho defende, como disse na segunda-feira, que o canal “não foi uma concessão de ninguém”, mas o resultado de lutas populares e dos tratados assinados em 1977 pelo então presidente Jimmy Carter, segundo os quais o controle do canal foi entregue ao Panamá em dezembro de 1999.
“Não se pode passar por cima do direito internacional público (…) para impor critérios em uma era muito distante da de Teddy Roosevelt”, disse o presidente panamenho, referindo-se ao presidente dos EUA que supervisionou a construção do canal interoceânico há mais de um século.
Por sua vez, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou na quarta-feira que o país “não participa da administração e da operação do canal e nunca interferiu nos assuntos do canal”.
Mulino pediu cooperação com os EUA em outras questões, principalmente de segurança. “A partir dessa crise, vamos chamá-la de crise, também deve haver oportunidades de trabalhar em outras questões que nos interessam com os Estados Unidos e nas quais temos trabalhado ao longo do tempo, questões de segurança”, disse ele. “Temos um enorme problema de migração na fronteira com a Colômbia”, disse ele.
O Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, tem os Estados Unidos e a China como seus dois maiores usuários.