Nikolas e a verdade: uma introdução

Nikolas Ferreira Redação GPS

O fato da semana, e cuja duração se estenderá por algum tempo mais, por certo é o vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira cujo mote ou objeto principal – talvez mesmo único – é o PIX cuja regulação pelo governo poderia passar por mudanças.

O deputado foi extremamente criticado pela esquerda e pelo governo por ter supostamente criado mentiras, disseminado fake news. Uma análise mais detida do vídeo, no entanto, mostra um grau de sutileza e uma inteligência do parlamentar (que obviamente foi apenas a vocalização da mensagem do vídeo) que não se resume a criar inverdades.

Em 2022, na eleição presidencial, o PT e a campanha de Lula levantaram a hipótese de que, se eleito, Bolsonaro iria acabar ou reduzir drasticamente o Bolsa-Família, o grande programa social petista de distribuição de renda. Isso era uma verdade? Não, era uma hipótese. E uma hipótese improvável, especialmente porque Bolsonaro havia passado quatro anos exercendo o seu mandato e não tomou tal medida.

A simples veiculação da hipótese, contudo, cumpriu o papel de causar apreensão, até mesmo pânico, de modo especial nos beneficiários do programa. Nikolas fez mais ou mesmo a mesma coisa. Ele não diz o vídeo que o PIX seria taxado, mas apenas levantou a dúvida e usou de uma ação do mesmo governo para disparar: “ok, o PIX não será taxado, mas a blusinha da China também não ia ser taxada e no final foi”.

Outro tiro certeiro do vídeo foi jogar com a imagem de pessoas do povo na figura dos autônomos: feirantes, motoristas de aplicativo, eletricistas, pedreiros, boleiras, salgadeiras, mecânicos… a junção desses elementos ainda contou com o histórico do governo Lula de, concretamente, estar buscando a taxação de tudo o que puder, em parte para cumprir as metas fiscais, porém muito mais para manterem em pleno funcionamento os vários programas sociais, de modo destacado aqueles cujo mote é distribuir renda, como o já citado Bolsa-Família.

O vídeo, no fim das contas, fez uma regra de três e por certo o fez com altas doses de especulação: “se tudo está sendo taxado (tributado) por que não o PIX?”. Assim, foi uma manifestação muito bem pensada baseada na especulação, na suposição, no raciocínio dedutivo, mas na mentira não.

Outra: o governo se equivoca ao tentar tomar o caminho da judicialização, ameaçando processar criminalmente “os que mentiram, causando um enorme prejuízo ao país”, como declarou o ministro Fernando Haddad.

É preciso haver humildade por parte do governo no mínimo para reconhecer que não vem comunicando bem e nem coordenando as suas ações de modo adequado, eficiente, assertivo. O caminho, portanto, é informar melhor, comunicar melhor e principalmente agir de modo coordenado, como um governo coeso e não como uma reunião de ações, ou intenções, ou iniciativas isoladas.

Para ler mais textos meus e de outros pesquisadores, acesse www.institutoconviccao.com.br.

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