Em entrevista exclusiva, o presidente francês afirma que os jogos demonstram a capacidade de união e de respeitar adversários, inclusive entre países que estão em guerra. O presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach
Hannah Mckay/Reuters
O presidente da França, Emmanuel Macron, concedeu entrevista para o jornalista Guilherme Pereira, da TV Globo. Junto dele, jornalistas de outros quatro países (Estados Unidos, África do Sul, China e Índia) também participaram da conversa. Ele falou sobre o legado das olimpíadas de Paris e sobre outros assuntos de relevância mundial, como as eleições nos Estados Unidos e mudanças climáticas.
Macron abriu o encontro afirmando que o que marca os jogos é a capacidade de união, de aceitar as mesmas regras, de se respeitar como adversários — inclusive entre países que estão em guerra. “Nós construímos a paz no momento em que discutimos com o inimigo”, disse o presidente da França.
O jornalista Guilherme Pereira indagou o presidente se, na opinião dele, a mensagem de paz dos Jogos Olímpicos terão efeito duradouro para o mundo e para a França. Macron citou as guerras na Ucrânica e em Gaza: “não há como garantir, já que estão ocorrendo uma das mais graves guerras dos últimos anos. A tensão está muito forte”, afirmou o presidente francês.
Ele também falou sobre a Venezuela, onde a reeleição de Nicolás Maduro segue sob desconfiança da comunidade internacional e acusaçõpes de fraude pela oposição. Macron disse que ligou para o presidente Lula nos últimos dias e que apoia as iniciativas tomadas pelos países da região.
Macron conversa com jornalista da Globo
g1
Problemas domésticos
Já a França vive uma turbulência política que foi apenas colocada em pausa durante as Olimpíadas. Macron está sob pressão para escolher um novo primeiro-ministro da oposição, depois de perder a maioria das cadeiras na Assembleia Nacional em eleições legislativas realizadas apenas 19 dias antes dos Jogos Olímpicos.
Macron disse acreditar que todas as nossas democracias estão passando por um período único. “Estamos fragmentados, divididos em muitos aspectos. Mas há um caminho, e a mensagem da fraternidade é muito poderosa. Deve ser a ponte de inspiração para a política mundial”, afirmou o presidente.
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Estados Unidos e mudanças climáticas
Macron também comentou a eleição para a presidência dos Estados Unidos em novembro. Ele afirmou que os Estados Unidos estão escolhendo seu novo líder, mas que muitas situações importantes, como mudanças climáticas e tecnológicas, equilíbrio social e respeito por outras nações serão desenhadas a partir dessa eleição que está por vir.
Em algumas de suas respostas, Macron citou o assunto mudanças climáticas. Para ele, nenhum país deve fazer a escolha entre desenvolvimento e mudança climática. “Isso é o dilema de muitos países africanos e é por isso que alguns deles, agora, estão questionando a mudança climática, dizendo que os países mais ricos poluíram muito durante as últimas décadas e que não querem que os mais pobres tenham o seu próprio desenvolvimento”, disse o presidente francês.
Presidente francês comenta o legado das Olimpíadas de Paris
Questionado se ele achou um sucesso a participação do rio Sena durante as Olimpíadas de Paris — por conta dos testes que mostraram que a água não estava própria para banho em alguns dias, que resultaram em treinos foram cancelados e provas adiadas —, o presidente respondeu: “nesses últimos anos, pessoas achavam que nunca conseguiríamos. Foi um enorme trabalho, um enorme investimento e ainda não acabou”, finalizou Macron.
Ele reconhece que o objetivo é continuar o trabalho para mudar de vez o cenário do rio Sena.