Departamento de Justiça pretende publicar relatório do promotor especial contra Trump

(Arquivo) Merrick Garland, procurador-geral e secretário de Justiça dos Estados UnidosSaul Loeb

SAUL LOEB

O procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, pretende divulgar o relatório do promotor especial sobre o processo contra Donald Trump por tentativa de alterar os resultados das eleições de 2020, informou o Departamento de Justiça nesta quarta-feira (8).

O promotor especial Jack Smith abandonou o caso penal federal contra Trump depois que o magnata venceu as eleições presidenciais de novembro, mas redigiu um relatório.

Segundo o Departamento de Justiça, Garland não pretende tornar público o relatório de Smith sobre o outro caso apresentado contra Trump: levar consigo documentos confidenciais após deixar a Casa Branca.

A juíza Aileen Cannon, nomeada por Trump, arquivou no ano passado o caso dos documentos contra o ex e futuro presidente, mas ainda há acusações pendentes contra dois de seus antigos coacusados.

Em uma decisão emitida na terça-feira, Cannon proibiu Smith e Garland de “divulgar, compartilhar ou transmitir o relatório final” até que um tribunal de apelações ouça os argumentos do ex-ajudante de Trump e de um funcionário de Mar-a-Lago.

O Departamento de Justiça pediu nesta quarta ao tribunal de apelações que anule a decisão de Cannon, mas esclareceu que Garland, para evitar prejuízo aos acusados, não tem a intenção de divulgar publicamente o relatório sobre o caso dos documentos.

Trump, de 78 anos, foi acusado por Smith de conspirar para alterar os resultados das eleições de 2020 que perdeu para Joe Biden e de esconder documentos classificados em sua residência de Mar-a-Lago, na Flórida.

Ontem, o republicano atacou Smith em uma entrevista coletiva, chamando-o de “indivíduo transtornado”.

“Por que ele deveria ter permissão para redigir um relatório falso?”, disse o presidente eleito. “Será um relatório falso assim como a investigação foi uma investigação falsa”, acrescentou.

Smith abandonou os casos contra Trump depois das eleições aludindo a uma política do Departamento de Justiça de não acusar nem processar um presidente em exercício.

Os advogados de Trump pediram a Garland a não divulgação dos relatórios porque consideram isso “ilegal”, de “má-fé” e contrário ao “interesse público”.

No ano passado, Garland permitiu a publicação de um relatório de outro promotor especial, Robert Hur, sobre a gestão de documentos classificados por parte de Joe Biden enquanto era vice-presidente de Barack Obama.

Hur não apresentou acusações contra Biden, mas o descreveu como um “homem idoso de memória ruim”.

Além disso, Trump enfrenta dois casos em âmbito estadual, um em Nova York e outro na Geórgia.

No primeiro, foi condenado por falsificação de registros comerciais para ocultar um pagamento a uma ex-atriz pornô às vésperas das eleições de 2016.

Está previsto que a sentença seja anunciada nesta sexta-feira, mas o juiz Juan Merchan já adiantou que não está inclinado a impor uma pena de prisão.

Trump, por sua vez, recorreu à Suprema Corte nesta quarta para tentar bloquear a sentença.

Na Geórgia, ele é acusado de tentar alterar os resultados das eleições de 2020, mas o caso provavelmente ficará congelado enquanto ele estiver no cargo.

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